SERJ TANKIAN: 'Se você vai ser um artista de verdade, você tem que ter honestidade'
Existe uma questão bastante
polêmica na indústria musical: assumir suas opiniões, sejam elas de natureza
política, filosófica, existencial ou ficar “na moita” e pensar apenas na música
e na expansão da base de fãs. Eis a questão. Como em tudo na vida, é uma
questão de perspectiva, principalmente pessoal. Parece ser o caso de Serj
Tankian , que tem se posicionando fortemente sobre o massacre que o
povo armênio vem sofrendo na guerra do Azerbaijão. As origens dos motivos que
levaram Serj Tankian a esse forte ativismo a favor da causa armênia
ficam absolutamente claras em sua autobiografia “Down With The System: A Memoir
(of Sorts)”. Na obra o vocalista do System Of A Down faz um relato comovente e
profundo sobre sua vida, desde o nascimento em Beirute, no Líbano, passando pela
jornada de seus antepassados, das dificuldades financeiras de seu pai que
levaram a família a migrar para os Estados Unidos. Ele também fala do sofrimento
e perseguição que o povo armênio sofre a séculos. Para ele, o ativismo passa
por uma questão de identidade pessoal.
Em uma recente entrevista
concedida à rádio 107.7, The Bone, da área da baía de São Francisco, registrou
o impacto de sua atividade política e a relação com o seu crescimento como
músico, com e sem o SYSTEM OF A DOWN. Ele foi mais uma vez
questionado sobre como se sente em relação à possibilidade de ver sua base de
fãs diminuir devido ao seu ativismo político. Ele afirmou, conforme transcrito por BLABBERMOUTH.NET:
"Eu acho que desde o início você tem que decidir qual papel você quer
desempenhar dentro desta indústria. Se você quer maximizar sua base de fãs, ser
um bom músico, escrever música, e não falar sobre coisas que podem afastar as
pessoas, então você provavelmente será um artista incrível, e eu sou fã de muitos
desses artistas. Mas se você vai ser um artista de verdade, seja um pintor, um
músico, um arquiteto, ou qualquer coisa no ramo da arte, você tem que ter
honestidade, e essa honestidade tem que vir através da sua alma e se exprimir através
do seu trabalho. E você vai acabar afastando algumas pessoas,
você vai acabar irritando alguns dos seus fãs, e que assim
seja. É algo que você tem que aceitar como parte da jornada para que você
permaneça íntimo com a verdade."
É parte do jogo, portanto, ao assumir
um papel mais engajado perder fãs que não concordem com você. Mas tudo nasce do
que o artista sente e da importância do seu papel transformador na sociedade. A
arte sempre exerceu essa função contestadora, principalmente nos chamados
costumes. É uma questão polêmica, sim, é. Mas também é um fato histórico
inconteste. O Blues, por exemplo, nasce nas plantações de algodão do sul dos
Estados Unidos, como uma forma de expressar os sentimentos da população negra,
que viva sob condições desumanas, explorada e oprimida.
Para muitos artistas, assumir
esse ativismo é algo natural. Questionado sobre de onde vem essa paixão, Serj disse:
"Bem, acho que eu era um ativista antes de me tornar um músico. Então,
meio que continuou. E então a verdade sempre foi algo importante para mim, na
minha vida pessoal, bem como o que é transcendente na minha vida artística. E é
daí que realmente vem. Os vários graus de experiência profissional ou
experiência profissional apenas aumentam meu tipo de compreensão das
complexidades da indústria musical e algumas das coisas estranhas sobre ela.
Não levo muito dessas coisas a sério, no que diz respeito ao aspecto de
celebridade e todas essas coisas. É legal fazer reservas em restaurantes, mas é
só isso. Então, acho que isso me ajudou a ficar um pouco com os pés no chão,
embora eu ache que todos nós perdemos um pouco a cabeça, com base no sucesso da
banda e da nossa música e tudo mais. Mas tento permanecer em um mundo onde
posso olhar as pessoas nos olhos e ver sua excitação e agradecê-las por isso e
ser autêntico sobre isso. Quer dizer, uma das razões, quando abrimos o Kavat
Coffee e a Eye For Sound Gallery alguns meses atrás, eu apareço sempre que
posso e vejo pessoas e tiro fotos e saio e converso e tomo café com elas. E é
incrível pra caramba. Eu amo as interações com as pessoas. Eu não entendo isso
em shows porque os shows são enormes e há muitas pessoas e é impossível se
conectar em um nível individual com alguém, realmente. Quer dizer, mesmo nos
bastidores, há centenas, centenas de pessoas. Então eu gosto disso. Estou apreciando
isso ultimamente."
Esse contato humano, pessoa a
pessoa, é raro na indústria da música. Leva, sem sombra de dúvidas a uma
desconexão do mundo real, dos seus dilemas e desafios. Talvez, ao assumir o
ativismo, seja político ou por qualquer outra causa, o artista na verdade
busque uma reconexão com o mundo real. Parece ser o caso de Serj Tankian ,
que tem se posicionando fortemente sobre o massacre que o povo armênio vem
sofrendo na guerra do Azerbaijão.
Veja a entrevista completa de Serj
Tankian a radio The Bone :
Fonte: Blabbermouth.net
Longa vida ao Rock!
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