Bonzo: um mito!

 

Certos “fenômenos” são inexplicáveis, talvez o resultado do mero acaso ou do alinhamento dos planetas que compõem o sistema solar. No caso em questão, essa descrição cabe bem, com certeza. Quando Jimmy Page decidiu criar o “New Yarbirds”, por mais otimista que estivesse, não fazia ideia do que viria pela frente. Uma verdadeira tempestade sonora, carregada de maestria técnica, groove, melodia e ritmo. É impossível descrever, em palavras, toda a extensão da magia chamada Led Zeppelin.

Na biografia de Bonzo (John Bonham), escrita por C. M. Kushins, com prefácio de Dave Grohl, esse encontro estelar é descrito em detalhes. Se existe uma palavra que possa descrever a vida de John Bonham de forma única podemos escolher a palavra Intensidade. Desde o seu nascimento, devemos dizer. O trabalho de parto de sua mãe, Joan Isobel durou nada mais nada menos do que 26 horas. Bonham veio ao mundo com 4 kg e 650 gr, uma espécie de profecia poética, já que a força seria uma das características marcantes na tocada de Bonzo. Seu pai, John Henry Bonham II, conhecido como “Jacko” era um próspero empreiteiro das Midlands.

Bonzo foi um talento precoce. Aos cinco anos batucava em latas e o que mais estivesse ao seu alcance, e aos 14 já tocava em bandas da região das Midlands. Mas a vida não era apenas música na vida de John. Trabalhou na empresa do pai para garantir uns trocados e aprender uma profissão. O trabalho era duro, pesado, o que ajudou a moldar não apenas o caráter do jovem músico, com também seu físico. Desenvolveu desde cedo uma força que o ajudaria a desempenhar seu papel como baterista.  

Seu talento natural foi sendo aprimorado à medida que ele pulava de banda em banda, bebendo das influências do Jazz e do Blues. Gene Krupa foi a principal inspiração no início da carreira. John era um autodidata, nato, embora tenha aprendido muito com outros bateristas ao longo da carreira. Acabou por desenvolver seu talento nato criando um estilo único. Na faixa “Good Times Bad Times” Bonzo revelou toda sua maestria. Com um incrível controle do bumbo, uso intenso do chimbal e pratos, somados a sua marca registrada, as semicolcheias sincopadas no bumbo, seguidas das tercinas de semicolcheia sincopadas ajudaram a tornar “Good Times Bad Times” uma obra prima. Nela podemos ouvir toda a genialidade desse baterista que marcou não somente o rock, mas a música contemporânea como um todo.

Vale a pena visitar as páginas da obra de Kushins e apreciar, em detalhes, a vida de Bonzo. Uma leitura leve, fluída e sem esforço, um verdadeiro deleite para os amantes do Led Zeppelin.

 

Vida Longa ao Rock!